Não uso, por defeito e feitio. Por defeito, porque tenho a mania que sou boa demais para eles. Por feitio, porque não me ficam bem na boca, salvo seja. Não preciso deles para extravasar melhor o que sinto, se bem que às vezes, baixinho, me contradigo e escorrega-me um por entre os lábios. Muito baixinho mesmo, quase nem eu oiço. Já não tenho medo que os meus pais mos oiçam dizer, mas tenho medo de mos ouvir dizer.
Assim de repente, só me lembro de uma situação em que vou além do "caramba" com despudor. Mas não digo qual é.
Os pequenos pais de Natal de chocolate que enfeitavam a árvore já só com as pratas penduradas (que as mai'novas trataram de os devorar). O cão mascarado de rena. Nós todos com barretes foleiros (durante dois minutos, o que conta é a intenção). O meu tio de barriga ao léu - coisinha de fazer inveja ao próprio Pai Natal. Quatro malucas a gritar "é quase meia-noite, é quase meia-noite" das onze horas para a frente. Teatros encenados por nós à pressa - para ajudar o tempo a passar. Rituais demorados de abertura de prendas e o sorteio da primeira (mesmo que sejam só três). As prendas da minha avó embrulhadas em papel reciclado (leia-se jornais velhos e folhetos do LIDL). Ver o Shrek pela milésima vez.