Pus-me a nu. Tirei a maquilhagem (que já não tinha), soltei o cabelo, sentei-me num divã, perninhas de lado e expus a minha vida numa entrevista honesta para o Alta Definição. A câmara muito perto, os poros a verem-se, cheguei a soltar uma lágrima (por causa dos poros). Ou então não. Mas respondi a umas perguntas, sapicadas com a patetice do costume, no blog d'Arrumadinha.
Foi para todos uma surpresa imensa que o ministro das finanças grego não vivesse numa barraca e bebesse água da torneira. Que a sua mulher não trajasse sacos de batatas dos campos gregos, ainda com raízes de tubérculo pespegadas, com um buraco para a cabeça e dois para os bracinhos. Que tenham um piano em vez de um realejo para trocar a música por moedas nas ruas. Que tenham um terraço com flores em vez de uma marquise fechada. Que tivesse a audácia, ainda para mais, de se deixar fotografar nestes preparos. Que na preparação para a entrevista da Paris Match ele não tivesse gritado para a sua maria:
"Esconde os ouros, mulher!"
Acrescentando, baixinho (porque ninguém num mundo em crise deve exibir felicidade, quanto mais um ministro grego):