As coisas que pertencem fora do lugar.
A manta do cão pertence a qualquer canto do tapete, a cair do sofá. Os chinelos do meu pai moram na casa-de-banho, se ele não está. A escova de cabelo da minha mãe faz sempre caminho até ao espelho grande do hall de entrada. Na lareira, quem olhar de esguelha vê os autocolantes das batatas fritas colados pela minha irmã na parte mais inclinada da pedra.
Sou obcecada em ter as coisas no seu devido lugar, ou pelo menos reunidas na sua desorganização. Mas há sítios em que as coisas pertencem fora da gaveta óbvia. À primeira podem parecer desarrumadas, mas estão só no sítio onde todos as conhecemos e procuramos. A este sítio onde sabemos sempre das coisas deslocadas, chama-se casa.